O nosso Camõestrinho começou o ano à conversa com Nuno Caravela, autor dos famosos livros do “Bando das Cavernas. Uma entrevista onde se falou sobre os livros, mas também sobre os desafios que o mundo dos livros e da leitura enfrenta nos dias de hoje.
Como surgiu “O Bando das Cavernas”?
Surgiu em 2012 depois de um convite que me foi feito pela editora. A ideia era criar um projeto que estimulasse o gosto pela leitura e a imaginação e eu propus o “Bando das Cavernas”.
Como é que se arranja inspiração para escrever tantas estórias diferentes?
O trabalho da imaginação é transformar o que observamos em histórias. Se formos verdadeiramente observadores e curiosos, depressa perceberemos que a quantidade de histórias existentes em tudo o que nos rodeia é infindável.
E de onde veio a ideia para criar os livros mais didáticos, chamemos-lhe assim?
A série «O Bando das Cavernas – Heróis do Mundo» surgiu para proporcionar uma primeira abordagem à História que fosse divertida e, ao mesmo tempo, rigorosa. Com estes livros é possível brincar e aprender.
Como surgiu a ideia de transformar “O Bando das Cavernas” em novela gráfica? Foi um processo fácil?
A ideia da nova série “O Bando das Cavernas – Novela Gráfica foi outro desafio da editora que eu aceitei de imediato. Uma vez encontrado o conceito, que acabou por ser a descoberta da linguagem muito própria da BD por parte dos nossos amigos do Bando, tudo o resto se tornou relativamente fácil.
Ser autor e ilustrador é um desafio. Prefere escrever ou ilustrar?
O texto é o coração do livro e as imagens a sua face. Escrita e ilustração complementam-se. É no delicado equilíbrio entre estes dois processos criativos que o livro resulta melhor. Dito isto, tenho tanto prazer a escrever, como a ilustrar.
Sente o peso de ser um dos autores português mais lido pelo público infantojuvenil em Portugal?
Sinceramente, nem penso nisso. Para mim, cada novo livro é como se fosse o primeiro.
Qual o segredo para conquistar leitores numa era que o digital ganha cada vez mais importância?
O segredo, se é que existe algum segredo, é usar as mesmas técnicas do digital nos livros: aventuras inesperadas e divertidas, personagens expressivos e dinâmicos. Os livros não têm som nem movimento, mas é aí que entra a incrível imaginação dos leitores. É nesse encontro entre a imaginação do autor e a imaginação de quem lê que está a verdadeira diversão.
Que feedback lhe dão os pequenos leitores nas sessões em escolas e bibliotecas?
É ótimo quando os jovens leitores e leitoras conhecem todos os pormenores das aventuras, às vezes até melhor do que eu. A autoria de livros é um processo solitário. As sessões nas escolas, bibliotecas e centros culturais são momentos de partilha que me permitem perceber de que forma os livros são interpretados individualmente por cada um dos leitores.
Acredita que o livro em papel tem os dias contados?
Não creio. O objeto livro continua a ser o mais prático. Um livro nunca fica sem bateria. Há no entanto situações em que os livros digitais podem ser úteis. Por exemplo, substituindo os manuais escolares em papel para evitar que as crianças andem carregadas com um peso excessivo nas mochilas.
Sobre o autor
Nuno Caravela nasceu em Lisboa a 1 de agosto de 1968. Frequentou o I.A.D.E e o AR.CO. Centro de Arte e Comunicação e iniciou a carreira de autor e ilustrador em 1992.
Em paralelo exerceu funções de criativo durante seis anos em agências de publicidade, foi durante sete anos autor e coordenador de edição do projeto «Escola Global – A Tradição na Sala de Aulas», destinado à recuperação de Contos Tradicionais Portugueses.
Desde então tem desenvolvido inúmeros projetos na área da literatura infantil, em parceria com algumas das mais conceituadas editoras portuguesas.